segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Eleições 2010.2

Olá queridos leitores. Agora vou falar das eleições presidenciais do segundo turno e das eleições estaduais em primeiro e segundo turno.

Nas eleições presidenciais do segundo turno, o que podemos ver foi um certo aguçamento dos debates de idéias e uma diminuição no nível de agressões nos mesmos debates, embora a propaganda do horário gratuito tenha caído de nível ainda mais. Um dos grandes erros da campanha de Serra no primeiro turno foi repetido no segundo: Colocá-lo ao lado de Lula. Serra e Lula são candidatos bem diferentes, pois enquanto Serra é intelectual e fala uma variação próxima da norma culta da língua, e por isso mantém uma certa distância da grande massa, Lula é cúmplice do povo, deixava os gramáticos (a lá Pasquale Cipro Neto) loucos da vida, o povão se sentia legitimamente representado. Mas essas diferenças são estilos de personalidades, um estilo não é melhor que o outro, mas tem que ser trabalhado especificamente, portanto, Serra não pode ser "Zé" Serra, uma vez que foi catedrático, bem como Lula não pode ser José Inácio Lula da Silva, pois, é Lula e pronto. O estilo de campanha é que quem tem o perfil catedrático (Serra) não pode baixar em nenhum minuto o nível da campanha e tem que impor o que mais esse estilo aparenta: O respeito, e, a propaganda de ambos na tv foi muito baixa. Lula, cumplice do povo, assimilou bem isso e se transformou na primeira potência eleitoral capaz de passar oito anos e não ter desgaste mínimo apesar de não fazer um bom governo (não tivemos nenhum bom governo até agora, depois dos milicos) e fez de sua "pupila" fiel escudeira, dando musculatura de votos a ela. Ninguem votou porque era a Dilma, ou porque era uma mulher, votaram simplesmente porque ela vai ser fantoche de Lula e pronto. Os votos de Marina distribuíram-se praticamente meio a meio (quase 20 milhões de votos e praticamente 10 milhões para cada candidato) dando força a campanha equivocada de Serra, mas foi pouco. Minas Gerais votou em peso com Dilma ressentidos por Serra não ter dado a vaga a Aécio, bem como muitos antigos petistas votaram nulo por não terem sido representados por Tarso Genro ou Jaques Wagner. O que vale salientar é que Lula ganhou essa eleição.

Primeiro e segundo turno na Paraíba: Acompanhei de perto essa peleja, e vi como a candidatura de Ricardo Coutinho nasceu inviabilizada perdendo por 11 pontos percentuais no estado e 2 pontos em João Pessoa, sua própria terra! Zé Maranhão havia costurado uma otima coligação e os apoios vieram fortes, como o deputado federal Wellington Roberto, a volta de Raimundo Lira a política (primeiro suplente de Vitalzinho) Wilson Santiago empenhado e comprometido, e Veneziano motivado, diminuindo a diferença vertiginosamente em Campina Grande. Dessa vez eu pensei que pela primeira vez, Zé Maranhão ganharia contra um candidato de peso. Puro engano. As equipes de campanha dele são extremamente ruins, e a assessoria de marketing é incompetente ou foi impossibilitada de trabalhar, pois, conhecendo a nossa mentalidade baseada na virilidade, um candidato que está na frente disparado, eles simplesmente mandaram que ele (Maranhão) parasse de frequentar os debates! Essa foi a medida mais ridícula que eu já vi em uma campanha no estado, pois, não existe isso de "não saber falar", mas tem-se que utilizar a variação linguística do candidato a seu favor, salientando o que há de melhor, tornando-o cúmplice do povo! E os guias eleitorais pareciam obras hollywoodianas, músicas de aventuras, aviões... Todo mundo percebia que era propaganda de longe, e, compartilho da opinião de Duda Mendonça (marketeiro de Ricardo, inclusive) que quanto mais a população assiste o guia e percebe que é propaganda, mais ineficiente esse guia se torna. Do outro lado vimos um Duda Mendonça empenhado, trabalhando com afinco e cautela, produzindo um guia eleitoral e uma nova dinâmica de comícios que pareciam à primeira vista, muito amadoras. Mais um ledo engano, tudo dava a impressão que não se tinha grana pra filmar, mas aportavam informações como verdades absolutas, e a campanha foi crescendo na cabeça do eleitor. Enquanto Maranhão dava entrevista dizendo que "não estava interessado em debates" Duda preparou junto com Peri as armas mais mortais do primeiro turno: A Girassoca e o jingle "A hora da chegada", coisas que mexeram intimamente nos brios dos pessoentes e fizeram acontecer a virada do primeiro turno (pois já nessa altura, devido as fugas e a incompetência do marketing de Maranhão, Ricardo já ganhava nas outras grandes cidades do estado, menos em João Pessoa) tirando a única grande cidade da Paraíba em que Coutinho perdia, do erário de votos de Maranhão. Só as fugas dele do debate já decretariam segundo turno, pois paraibano é "cabra macho" e não gosta de "frouxo que foge de debate". Essa campanha já saiu praticamente vitoriosa do primeiro turno, pois com a virada de oito mil votos, numa diferença que chegava a trezentos mil, abalou profundamente o espirito de luta da militancia vermelha.
O golpe de misericórdia veio do próprio Maranhão, quando se submeteu a ser "re-fabricado" tentando falar palavras rebuscadas formadas em frases de efeitos que surtiam caimbras de risos nos espectadores dos debates, enquanto a campanha de Coutinho emplacava mais um jingle forte (Cada um tem um 40 batendo no coração) e crescia baseada apenas na motivação dos eleitores. A duas semanas da eleição, o IBOPE revelou uma pesquisa que se trata da mais importante em termos de segundo turno, principalmente em nosso estado. A questão da entrevista era: Quem voce acha que ganha a eleição no segundo turno, independentemente do seu voto? Coutinho chegava a 61% e mostrava que grande parte dos eleitores de Maranhão já davam como perdida a eleição. Daí, basta raciocinar como o povo (coisa que só quem sabe fazer pesquisa qualitativa pode fazer) todas as águas correm para o mar. A duas semanas do pleito, estava eleito o governador, com no mínimo 50.000 votos de vantagem (eu disse isso em sala de aula) decorrente de uma campanha bem feita (Coutinho) e uma campanha muito mal-feita (Maranhão).

E aqui termina a minha análise das eleições 2010, ufa! Pronto gente.
Mas confesso, eu acho tudo isso muito divertido.

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